Neste domingo, 24 de janeiro, logo após a realização do segundo dia de provas do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) 2020, a Frente Parlamentar Mista de Educação (FPME), realizou a “Blitz do Enem”, quando foram acompanhadas denúncias feitas pelos candidatos nas redes sociais, além da análise de falas das lideranças do Ministério da Educação (MEC) e Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) e a opinião de especialistas em educação.
A “Blitz do Enem” mostrou o quão catastrófica e impensada foi a realização dessa edição do Exame Nacional do Ensino Médio, destacando a necessidade de união para que assim possam ser traçados os próximos caminhos da educação, voltando a promover oportunidades iguais, que é uma premissa histórica do exame.
“O Enem deste ano reflete uma série de ausências e negligências do Ministério da Educação”, resumiu a professora Dorinha (DEM-TO), presidente da FPME.
A blitz ainda contou com a deputada professora Rosa Neide (PT-MT), e teve a condução do secretário-geral, Professor Israel Batista (PV-DF). Além dos parlamentares, a ação foi acompanhada pelos professores Marcelo Freire, presidente do Instituto Bora Vencer, e Andrea Ramal, consultora, escritora, palestrante e doutora em educação pela PUC-RJ.
“Vamos produzir um relatório, analisar as medidas cabíveis para que alcancemos a justiça nesse Enem e para que se compense os milhões de estudantes que foram impedidos de exercer seu direito por falta de planejamento do MEC”, tratou o professor Israel.
A live, marcada por uma série de reflexões sobre todas as atitudes tomadas até aqui, lembrou a ação “Adia Enem”, da Frente, e ignorada pelo MEC, que não levou em conta a opinião dos alunos, das autoridades em educação, a fim de proporcionar a edição com o menor número de inscritos e, ao mesmo tempo, maior abstenção na história do Enem.
“O MEC deveria ter tido a sensibilidade, ouvido nossos pedidos, o dos estudantes, e adiado as provas”, ressaltou a deputada professora Rosa Neide.
A blitz também analisou uma série de comentários nas redes sociais, entre eles, os de candidatos que alegaram sintomas da covid-19 entre os dois fins de semana de testes, diminuição no número de pessoas em sala de aula, alunos barrados e total desrespeito aos protocolos sanitários, ou seja, uma completa falta de planejamento por parte da organização.
Descaso
Mesmo com tantas denúncias e números que apontam essa edição do Enem como catastrófica, as falas das lideranças do MEC e do Inep, ao longo do dia e em coletiva após as provas, mostram o completo estado de omissão do governo.
Enquanto o presidente do Inep, Alexandre Lopes, se disse “satisfeito” com os resultados do exame, o ministro da Educação, Milton Ribeiro, afirmou que o Inep “acertou” em prever a alta abstenção nas provas, que chegou a 55,3% no segundo dia de provas.
“O que importa é assegurar a oportunidade, e nós demos a oportunidade a quem quis fazer. Fazer a prova ou não é uma decisão individual”, ressaltou Lopes. “Essa é uma consideração triste e infeliz”, rebateu o professor Israel.
Andrea Ramal classificou como “inacreditável” as falas das autoridades que realizaram as provas. “Falta sensibilidade em quem está comandando a Educação”, ressaltou a educadora.
A pandemia do coronavírus deixou algo claro: existe um verdadeiro fosso no ensino brasileiro, que foi aumentando a cada dia de isolamento e falta de acesso à educação por parte da maioria dos brasileiros. A distância entre os alunos das redes particular e pública foi aumentando cada vez mais, e o Enem 2020 selou essa grande injustiça.
Assista a íntegra da live: