No início de abril foi lançada a Frente Parlamentar Mista da Educação no Congresso Nacional. A associação suprapartidária de deputados federais e senadores (por isso ‘mista’) tem por objetivo pôr em pauta temas cruciais para mudar a qualidade da Educação brasileira. Diferente de Frentes de mandatos anteriores, a atual terá seu trabalho estruturado em 10 comissões focadas em temáticas importantes para a área, como a Educação Técnica e Profissional, coordenada pela deputada federal Tabata Amaral (PDT-SP). Ela é mais um dos entrevistados na série de entrevistas #EducaçãoNaFrente, do Todos Pela Educação, com a presidente, os vices e os coordenadores da iniciativa.
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Todos: O que a Educação representou em sua trajetória pessoal?
Tabata: As oportunidades que eu tive na Educação, seja em forma das competições, das olimpíadas, das bolsas ou, principalmente, dos professores que eu encontrei e acreditaram em mim, me deram a chance de conhecer um mundo completamente diferente, que eu não sabia que existia. A Educação me deu também a oportunidade de saber que eu podia sonhar coisas grandes, que eu podia saltar as barreiras que existem na periferia. Vivi os dois extremos da desigualdade no Brasil e a Educação me mostrou que há um caminho para um País mais inclusivo, mais desenvolvido e ético. Que há um caminho para que periferia e centro estejam mais misturados, um caminho para que qualquer pessoa – independentemente de onde nasceram, da cor da pele, do gênero, da orientação sexual -, possa sonhar o que quiser e ter as mesmas chances e oportunidades na vida.
Todos: Qual sua análise sobre a situação da Educação no Brasil?
Tabata: O Brasil fez um grande trabalho nos últimos anos ao colocar quase toda criança e jovem na escola. Mas, há ainda desafios gigantescos: em qualidade, evasão e abandono, (que continuam crescendo no Ensino Médio), na formação e valorização dos professores ou até quando se trata de financiamento, que ainda é muito desigual. Em resumo, ainda temos uma sociedade muito pouco educada – em que 7 de cada 10 adultos não são plenamente alfabetizados. Nesse cenário de pouco acesso ao ensino de qualidade, a gente tem pela frente o desafio de lutar por algo que as pessoas sequer tiveram oportunidades de conhecer. Conseguiremos mudar isso, na minha visão, quando a Educação entrar na pauta nacional, com um espaço muito maior do que ela tem hoje e com debates focados em questões que, de fato, importam, e não ideológicas.
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Todos: Quais são suas expectativas para os trabalhos da Frente Parlamentar Mista da Educação? Que benefícios ela pode trazer para a Educação?
Tabata: Uma das razões que me levaram a querer estar no Congresso, era poder ser parte de uma bancada da Educação tão forte, tão reconhecida, tão conectada com a sociedade, com o mesmo prestígio de outras bancadas que ouvimos falar com mais frequência. Assim, a minha expectativa é justamente que a Frente seja um grupo que saiba colocar as diferenças ideológicas de lado, criar consenso sobre o que importa, dialogar com a sociedade e que seja, de fato, uma alavanca forte, de pressão por uma Educação melhor, dentro do Congresso Nacional. Essa bancada deve ser promotora de políticas públicas voltadas para professores e alunos, e não só para outros interesses que geralmente são mais bem representados.
Todos: Você é coordenador da comissão de Ensino Técnico e Profissional. Qual seu envolvimento com esse assunto e porque ele é importante para o País?
Tabata: Quando a gente tenta olhar só um pouquinho pro futuro, algumas décadas a frente, fica evidente que os maiores problemas que vamos enfrentar serão devido à revolução tecnológica: desemprego em massa, desigualdade crescente e colapsos ambientais. Apesar disso, não estamos preparando nossos líderes, jovens e população como um todo para lidar com esses problemas e estamos muito presos a problemas antigos. Nesse sentido, o Ensino Técnico e Profissionalizante são uma resposta mais do que urgente, não só às mudanças tecnológicas, mas a esse mundo, que é mais dinâmico, que requer habilidades cada vez mais diversas e grande capacidade da gente se reinventar. Por isso, é com muito orgulho e honra, que eu tomo essa tarefa de trazer essa temática, de fato, para o meio do debate nacional, tirando-o do lugar que ele tem hoje, que é de muito pouco destaque.