“Sem acesso igualitário à educação, não pode haver meritocracia”. Foi com essa frase que a ganhadora do Nobel da Paz, Malala Yousafzai saiu em defesa do Novo Fundeb.
Em entrevista à BBC News Brasil, a jovem recém-formada em Filosofia, Política e Economia pela Universidade de Oxford, Malala diz se preocupar com o futuro das meninas brasileiras, sobretudo as negras e indígenas que, segundo ela, não conseguem estudar e correm o risco de ver suas escolas fecharem. “Mais de 1,5 milhão de meninas estão fora da escola no Brasil”.
Diminuir as diferenças
Malala entende que só com uma defesa enfática do Novo Fundeb será possível ter um instrumento de democratização do ensino no País. “É animador ver que estamos chegando perto de diminuir as diferenças na educação para milhões de meninas do Brasil”, diz Malala ao acreditar ser possível a aprovação do texto do Novo Fundeb sem vetos ou mudanças no Senado.
A nova proposta do principal fundo de investimento em educação do país está no Senado para votação. É preciso que o Senado aprove, sem vetos, o texto que veio da Câmara dos Deputados, sob relatoria da deputada Professora Dorinha (DEM-TO).
Mudanças
Uma das mudanças com o Novo Fundeb é o aumento no aporte do governo federal ao fundo. Hoje, 10% de seus recursos vêm da União e 90% vêm de Estados e municípios. O texto também prevê que o aporte da União aumente para 12% em 2021 e cresça progressivamente até chegar a 23% em 2026.
A maior parte destes recursos adicionais vai para Estados e municípios pobres que hoje não conseguem alcançar um patamar mínimo de investimentos por aluno, mesmo que esses municípios estejam em Estados mais ricos.
Por isso Malala disse que “o Fundeb é fundamental para assegurar um futuro em que todas as meninas brasileiras possam ir à escola, não importa onde vivam”. Para ela, “falhar no investimento no futuro de meninas sem acesso a escolas significa uma perda para todo o país”.
Professores valorizados
Conhecedora da realidade de milhares de jovens mundo afora, Malala se tornou um símbolo da luta pela educação, sobretudo de garotas. Ela reforça que só existe educação de qualidade, com escolas em bom estado e professores valorizados. “A experiência internacional é clara: quem quer dar um salto educacional precisa melhorar as escolas e tornar a profissão realmente valorizada e atrativa, o que não acontece no Brasil”, diz.
Além disso, Malala prossegue: “Meninas e jovens mulheres contribuem com suas comunidades de várias formas diferentes por meio de organização, tecnologia, arte, educação e outros. Meu único conselho é que vocês saibam que não precisam esperar ficarem adultas para se tornarem líderes.”