O Ministro da Educação, Abraham Weintraub, foi à Câmara dos Deputados nesta quarta-feira (11/12) para explicar a afirmação dada por ele à imprensa de que existem plantações de maconha nas universidades e de que os laboratórios de química dessas instituições seriam utilizados para a produção de drogas sintéticas.
Convocado pela Comissão de Educação, ele reafirmou sua declaração mostrando matérias jornalísticas antigas. “Sou a favor da autonomia universitária para pesquisa, para ensino. Pode ensinar o que quiser. Pode falar de Karl Marx, não tem problema. Agora, a Polícia Militar tem que entrar nos campi”, defendeu.
Diversos membros da Frente Parlamentar Mista da Educação fizeram suas considerações e repercutiram o tema, inclusive abordando o relatório aprovado essa semana da Comissão Externa que acompanhou a atuação do Ministério da Educação.
O documento faz uma série de recomendações que são resultado da avaliação realizada ao longo dos últimos nove meses a partir de visitas técnicas ao Ministério, audiências e requerimentos de informação. O trabalho apontou pouca execução de políticas e programas, falta de planejamento, problemas na gestão, aparelhamento da pasta, atrasos e ineficiência.
Veja a repercussão da audiência com o ministro:
Deputada Tabata Amaral (PDT-SP)
“Mais uma vez usa isso como desculpa para perseguir e desrespeitar professores, pesquisadores, estudantes, o ensino superior e a nossa pesquisa. O que fica, para mim, fazendo essa leitura de quase um ano de Governo, é que é mais uma desculpa para vossa excelência se esconder atrás dela, não dar uma resposta aos problemas reais da educação e continuar limitando as liberdades individuais, as liberdades de pensamento que temos a nossa democracia”.
A deputada, que coordena a Comissão de Ensino Técnico e Profissional da Frente, lembrou que o Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação (Fundeb) está com o prazo apertado para vencimento. “Gaste seu tempo não olhando para o problema que seria de outros ministérios, mas, por exemplo, fazendo com que o Fundeb seja renovado”, sugeriu.
Deputado Professor Israel (PV-DF)
“Essas crises úteis criadas pelos demagogos servem sempre para diminuir direitos civis, para diminuir a autonomia das instituições republicanas. Eu entendo que o seu discurso tem servido a um ideal antidemocrático, porque é um discurso que confunde o homem simples”.
“O senhor tem também expressado de maneira reiterada a necessidade de instituições de ensino e de redes educativas aprimorarem a sua gestão. O senhor acerta muito nesse ponto, acho que a gente tem que melhorar a gestão, mas tem que começar essa melhoria pelo próprio MEC. O relatório da Comissão Externa de acompanhamento, que a gente aprovou aqui na Câmara, mostra muitos problemas de gestão: atrasos, baixa execução orçamentária e falta de clareza estratégica.”
Deputada Professora Dorinha Seabra (DEM-TO)
“Nós temos temas muito importantes que precisam ser enfrentados. Nós temos resultados em políticas públicas que precisam ser construídos na área da alfabetização infantil, o próprio Fundeb. Nós estamos atrasados em relação ao debate em torno do Fundeb. É preciso dar um tempo em relação à postura do ministro, de diferentes grupos políticos e olhar para a educação. É um clima belicoso que não constrói para educação pública.”
Deputado Tiago Mitraud (Novo-MG)
“A postura de um ministro da Educação, sempre em conflito com quem dele discorda, não condiz com o que se espera de quem comanda a educação brasileira. Constantes polêmicas criadas por ele fecham portas. Assuntos periféricos ganham mais holofotes do que reais soluções para o Brasil. Acredito que o ministro de Estado tem que ter postura de também saber dialogar com todos, independente de quem tem a opinião diferente das suas, de ouvir essas pessoas de uma forma muito diferente”.
A reunião teve grande repercussão na mídia, e o ministro foi interpelado e respondeu por cerca de sete horas parlamentares favoráveis e contra sua atuação à Frente do MEC.
A íntegra da reunião pode ser acessada na página da Câmara.
Com informações da Agência Câmara